quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

O fim do Vulcano!!

Todos sabem da história do Vulcano no underground brasileiro sendo um dos precursores do Black Metal em nossas terras, e de toda a influência que esses tiveram no que é o Metal Negro nacional. Agora o que todos não sabem é o que tem rolado nos bastidores de sua historia recente e seu total descompromisso com o Metal Negro e sua ligação indiferente ao cristianismo, chegando ao fato intolerável de aceitar em sua formação um “músico” com uma certa história no White “Metal”.

Segue abaixo entrevista extraida do link http://www.slrevistaeletronica.com.br/entrevistas/2009/Passamani.html

Tirem suas próprias conclusões!!!

Claudio Passamani
“Guitarras e Fé”

Nascido em Santos, em 3 de julho de 1973, o guitarrista Claudio Passamani é hoje um dos nomes mais emergentes da classe em nosso país. Começou a estudar violão clássico aos 13 anos de idade, mas abandonou os estudos quando se decepcionou com a arrogância e falta de educação (como ele mesmo descreve) de seu primeiro mestre. Resolveu, então, se tornar autodidata comprando sua primeira guitarra anos mais tarde. Entretanto, seu interesse pelo instrumentou aflorou-se quando um amigo lhe chamou para assistir um filme onde o ator principal estava dividido entre o violão clássico e a guitarra blues (N.R.: “A Encruzilhada”, de 1986). Passamani deslumbrou-se com a parte final onde o ator Ralph Macchio (sim, aquele da série “Karate Kid”) trava um duelo com o guitarrista demoníaco Jack Butler, interpretado por ninguém menos que o mestre das seis cordas, Steve Vai, até então desconhecido para ele. Anos depois, Passamani encontrou o “cara do filme” numa loja de discos, descobriu de quem se tratava e se apaixonou pelo clássico “Passion And Warfare” (1990).
Fã de Greg Howe, Ritchie Kotzen, Scott Henderson, Bret Garsed, George Benson, Bireli Lagrene, Pat Metheny, Yngwie Malmsteen, Al di Meola, entre tantos outros, Passamani integrou várias bandas, dentre elas o AfterDeath (uma das primeiras a usar letras cristãs sob o rótulo death metal) e o histórico Vulcano, um patrimônio da cena extrema do heavy metal nacional. Recentemente passou por muitas dificuldades, saiu de um casamento de dez anos e quase desistiu de tocar, mas encontrou forças quando retornou para a casa de sua mãe, no Espírito Santo. Lá, resolveu encarar uma universidade de música, aproveitando para emendar um bacharelado com ênfase em Filmscore.

Mesmo bastante ocupado, Passamani (que também é produtor) conseguiu achar um tempo para finalizar um de seus mais antigos projetos gravando o álbum
“Belos Hinos Cristãos”, adaptando 15 hinos para versões heavy metal. Em meio a toda essa correria, conseguimos encontrar uma pequena lacuna em sua concorrida agenda para bater um papo e saber mais sobre este novo projeto, seu trabalho com o Vulcano e seu exemplo de fé e determinação.
Vinicius Mariano

Como surgiu a idéia de gravar um álbum com versões heavy metal para hinos cristãos?
Claudio Passamani – A idéia deste disco nasceu por volta de 1987. Com 16 anos eu já era fã de heavy metal, mas ainda não tocava guitarra, só aquele violão de revistinha. Frequentava uma Igreja Tradicional na época e existia muito preconceito com o rock. Ia aos cultos, adorava cantar os hinos tradicionais. Sua riqueza melódica e teológica são incomparáveis com o que existe em nível de música de igreja (eu renego o termo “música cristã”. Pessoas são cristãs ou não, não músicas ou coisas). Anos mais tarde, ao conhecer o mundo da shred-guitar, na hora veio a associação daquelas belas melodias. Pensava comigo: “Esse hino ficaria lindo a la Malmsteen” ou “a melodia é meio Marty Friedman”.

Qual foi a idéia principal em fazer este CD?
Claudio Passamani – Sempre percebi que os hinos eram considerados “coisa de velho” pela juventude da igreja. Parte disso se devia aos “corinhos”, uma espécie de música mais comercial que invadia as prateleiras de lojas e, posteriormente, os templos. Os hinos não conseguiram vencer a queda de braço com as guitarras e acabaram desaparecendo dos cultos. Minha intenção foi resgatar a história da boa música feita pela igreja mostrando que é possível dialogar o “velho” com o novo. Velho entre aspas, porque a riqueza musical das melodias e letras desses hinos é atual e bem superior a algumas aberrações musicais que de vez em quando ouço no universo cristão moderno.

Como você fez a escolha dos hinos?
Claudio Passamani – A lista inicial era de 35. Depois de ir limando, cheguei a 15. A maioria tem relação pessoal com minha história de vida, fizeram parte da minha “pré-adolescência” e para um guri com a família desestruturada funcionaram como uma bóia emocional. Muitos que passam pelo mesmo problema acabam enveredando por outros caminhos, como o excesso de álcool (eu disse excesso. Amo uma boa cerveja) ou as drogas. Aí pinta aquela fama de “true”. O cara que bebe, vomita e zoa mais é o mais “metal”. Na maioria das vezes, o que a pessoa está fazendo é apenas encobrindo uma má relação com seus próprios medos ou com sua família.

Eu o conheci quando você gravou o álbum “Tales From The Black Book” do Vulcano, em 2004. Logo, me surpreendi quando descobri que você gravou um álbum com hinos cristãos após ter gravado com uma banda completamente diferente, de temáticas anticristãs. Mas após descobrir a sua história, percebi que você começou os seus primeiros passos na igreja, tendo – inclusive – morado de favor em uma delas a troco de tocar na banda da paróquia. Como você descreveria esse período?
CV – Plagiando um historiador que li recentemente: “Antes vivíamos em trevas, hoje morremos na luz”. Já fui chamado de guitarrista “do diabo” por tocar músicas e fazer trejeitos sensuais. Depois a comunidade eclesiástica foi abrindo. Houve muita discussão e fomos abrindo “com o facão” no Brasil esse caminho que muitos trilham hoje. Inclusive, me decepcionei muito porque quando abrimos a coisa “na porrada” (fui co-fundador de uma das primeiras bandas de “death metal com temática cristã” do país, o Afterdeath) a intenção não era criar uma “versão white” do cenário black metal, mas foi o que aconteceu gerando mais polêmica e intolerância entre cristãos e ateus. A idéia inicial era promover a convivência e a interação com uma coisa em comum, no caso o heavy metal, em todas as suas vertentes.

Em razão dessa formação religiosa, não foi um problema para você tocar no Vulcano? Afinal, como você entrou para a banda?
CV – Eu estava tocando em bandas cover do Pink Floyd quando o Arthur Vasconcelos (que gravou os últimos álbuns do Vulcano) me chamou para tocar num Creedence cover. Lá conheci o Zhema. Falamos de muita coisa, ele gostou do meu som de guitarra e pintou o convite (o guitarrista Soto Jr. morrera há algum tempo vítima de parada cardíaca e o projeto tinha parado). A primeira coisa que fiz foi pegar todas as letras do Vulcano e ler cuidadosamente. Percebi que a crítica não era contra Cristo, mas contra todo o sistema religioso. Critica essa muito bem-vinda, sim. A própria Bíblia diz que: “Não se põe vinho novo em odres velhos, pois os odres não aguentam com o tempo”. Lutero tentou – em vão – reformar um sistema que desde o Imperador Constantino se mostrou falido. O resultado é que hoje temos uma igreja chamada de Universal (para quem não sabe, “universal” é o significado da palavra “católico”) cometendo as mesmas indulgências (chamada de “campanhas”) e inquisições (agora morais e sociais) de sua “irmã mais velha”. Se ser black metal é criticar o cristianismo enquanto religião politicamente instituída, então eu sou black metal. Vale apenas ressaltar que o Zhema nunca chamou para a banda o rótulo black. Foi coisa da imprensa e dos fãs. O problema é que a maioria confunde isso e ofende a Cristo, que não tem nada a ver com essa baderna político-econômica. A maioria critica todo o pacote em vez de se informar.

Falando em Vulcano, você está gravando o novo álbum da banda junto com o Zhema, certo?
CV – Sim. Nunca perdi totalmente o contato com o Zhema. Ele já tinha demonstrado imensa satisfação em ter trabalhado comigo e deixou claro que gostaria que eu também gravasse o novo álbum do Vulcano. Acabei ensinando o Zhema a mexer no Guitar Pro (N.R.: software interativo de tablaturas). Ele me enviava as tablaturas com uns riffs e algumas gravações caseiras, eu juntava tudo numa estrutura musical já colocando uns arranjos de bateria e baixo gravados no meu estúdio. Esses tracks de baixo e bateria foram usados como guia para o Arthur e o Carlinhos gravarem depois. Gravei 90% das guitarras deixando alguns solos para o Zhema, bem com uns tracks de guitarra. Ele me enviou algumas letras e coloquei algumas linhas de voz para o Angel cantar. O disco está mais oitentista do que nunca, com claras influências do bom e velho Slayer do “Reign In Blood” e “Show No Mercy”. O nome provisório é “5skulls and One Challice”.

Por que as gravações se concentraram apenas em vocês dois?
CV – O Zhema teve alguns problemas de line up durante um tempo. É o que acontece geralmente quando se é “true demais”: você bebe e consome tanta droga que começa a atrapalhar os shows. O Zhema cogitou de não fazer mais show, não lançar mais discos e jogar tudo para o alto. Depois de conversar com amigos ele resolveu fazer este play. Porém, o Zhema queria certificar de contar com pessoas que além de “true” fossem profissionais e não “amarelassem” na hora de gravar. Além disso, ele queria contar com pessoas que tinham plena consciência sobre o que o Vulcano representa, e ambos temos isso bem claro em nossas mentes.

Você passou por várias dificuldades e chegou a desistir de tocar por conta disso. Onde você encontrou forças para recomeçar?
CV – Cara, fé. Se Deus me presenteou com vários talentos, dentre eles o de tocar um instrumento musical e o desejo de viver disso, eu não posso deixar que nada me desvie deste caminho. Existem médicos, faxineiros, advogados e músicos. São todos profissionais, ricos ou pobres, famosos ou anônimos. Por enquanto estou na categoria dos meio famosos e completamente pobres (risos). O exemplo de vida do Jason Becker (lendário guitarrista do Cacophony – banda que também contava com o não menos importante Marty Friedman – que, infelizmente, teve que parar de tocar por ter uma doença rara que o fez perder todos os movimentos do corpo) também me serviu de grande exemplo. Apesar de não compartilhar todas as crenças com ele, seu exemplo em compor e gravar o disco “Perspective” (1996) foi fundamental para que eu saísse de uma depressão e tirasse minhas guitarras dos cases. Gravei a balada “The Hero” em homenagem a ele, que foi a base do meu primeiro CD solo de 1997/1998

Há algum projeto que você deseja finalizar e ainda não conseguiu?
CV – Um projeto que quero realizar é a gravação de algumas músicas prog metal que tenho desde 1999. Chamava-se Blessed, mas devo mudar por questões mercadológicas. É um disco autobiográfico onde conto episódios da minha vida em peças progressivas inspiradas em coisas antigas como Yes, Genesis e mais novas como Dream Theater e Symphony X. Tem um segundo volume de hinos amadurecendo também, só que com guitarra e orquestra. Ainda quero fazer mais uma tour com os mestres do Vulcano e “decepar várias cabeças” mundo a fora.

Site:
http://www.passamani.mus.br

MySpace:
http://www.myspace.com/cpassamani (Claudio Passamani)
http://www.myspace.com/firebrasil (Banda Fire)
http://www.myspace.com/tatsubrasil (Banda Tatsu)