domingo, 3 de janeiro de 2010

Entrevista Facetumor



Por: George Ederson

SDZ: Saudações grandioso Betho Abbadon!! É um prazer estar contribuindo na divulgação da Facetumor com essa entrevista e uma honra ter mais um grande irmão representando as terras cearenses em nossas páginas. Hail!!

Betho Abbadon: O agradecimento é nosso, grande amigo George, por estar nos dando essa oportunidade de expressa nosso pensamentos. E sabendo também que estamos tratando de responder um Zine com um conteúdo de gigantesca importância pra o meio Underground.

SDZ: A Facetumor foi formada em meados de 2002, num período em que a cena underground nacional se encontrava em um dos seus melhores momentos, ou pelo menos em um momento em que a atividade no underground se encontrava intensa. Quais as recordações que você tem desse período para a horda?

B. Abbadon: Realmente foi um período em que se formaram bandas que hoje em dia não se ver muito delas na ativa, outras ainda se mantêm firmes com seus propósitos, ou seja, o tempo faz com que se fortaleça os que realmente procuram manter sua Ideologia, outros não se sustentam por questões financeiras, e como também os que são decepados pelo tempo por não terem nem uma virtude seria com o Metal underground.

SDZ: Quais as principais dificuldades enfrentadas por vocês no início, além das já tradicionais dificuldades financeiras e quais as outras experiências que vocês tiveram em ouras bandas antes de formarem a horda?

B. Abbadon: Bom! Como você mesmo citou: “as tradicionais dificuldades financeiras”... Essas estão sempre presentes nas maiorias das bandas. Quando estávamos pra dar início as atividades na Facetumor eu sempre procurei conhecer os diversos problemas que são enfrentados pelas maiorias das hordas daquele período até os dias de hoje mesmo eu procuro visualizar os pontos que estão ao meu alcance... E com certeza esses fatores não me fizeram desistir de propagar nosso mal por essa nossa terra. Posso lhe dizer que não é nada fácil manter a banda por razões financeiras, mas o espírito de fazer o que gostamos nos faz superar “certas dificuldades”.

SDZ: Com o lançamento do 1° Cd-demo “Separating Jesus Piece” a horda iniciou sua maldita jornada no negro underground. Como você avalia agora a divulgação desse opus após alguns anos do lançamento? Vi uma versão desse Cd-demo em K7, ainda é possível adquirir esse material?

B. Abbadon: Esse opus pra gente é de fato muito importante pos nos faz presentes nos dias de hoje, por termos o reconhecimento dos guerreiros que sempre procuram não só ouvir o som, mas também adentrar no conteúdo Ideológico da banda. Sim! Com a força de amigos do Scream Of War Zine, nós lançamos esse material em formato K-7 com uma tiragem de 666 copias numeradas a mão e que as mesmas podem ser adquiridas por nós da banda ou pelo Gleriston (SWZ).

SDZ: Atualmente a horda está divulgando o segundo Cd-demo denominado “Infestation of Darkness in the Bastards House”. Apreciei bastante todo o conteúdo desse opus que possui uma produção merecedora de elogios. Quais os principais avanços obtidos pela Facetumor com esse novo trabalho?

B. Abbadon: Agradeço primeiramente a suas palavras perante o nosso humilde trabalho! Nós podemos dizer que nesse período de tempo podemos adquirir um certo amadurecimento tanto Ideológico com musical, isso é, dentro dos nossos princípios. Nós pretendemos manter a nosso idéia de um Death Metal Old School, que é de fato o que corre em nosso sangue e que podemos nos expressar em nossos princípios musicais e Ideológicos.

SDZ: A horda Facetumor iniciou suas atividades em um período em que a cena cearense estar presenciando um “fenômeno” onde muitas bandas de Death Metal surgiram em pouco tempo. Nessa época eu estava meio que afastado da cena local e quando dei conta já havia aparecido tantas que estou até hoje para saber quantas foram. Em sua opinião a que se deve esse “fenômeno”?

B. Abbadon: Falando na cena local. Sim! Deu-se nesse período de se formarem algumas bandas de Death Metal, o motivo de algumas até posso saber, mais de outras que não sei explicar. Posso lhe falar que com o meu conhecimento com algumas dessas bandas, eu tenho a certeza que eles já mereciam estar dentro da cena há muito tempo, pois sabendo do conteúdo sério de seus trabalhos não tenho dúvidas de que tais bandas representam pra nossa cena, podendo até citar duas dessas: Reval Decay e Sevo... São dois grandes ícones do Death Metal no ponto de vista não só meu, mas como de muitos guerreiros do vale da morte!

SDZ: Geralmente quando ocorre algo assim anormal na cena é por que algum fator externo está influenciando a cena local. O que vimos foi esse “boom”, e como resultado esperado pouquíssimas se sustentou até hoje, pois o processo de seleção natural nunca falha. Cite os principais fatores que fizeram com que a Facetumor se destacasse tanto nesses últimos anos como um dos principais nomes do Death Metal cearense atual?

B. Abbadon: Creio eu que isso tem esse reconhecimento por não procurar brincar com o que fazemos, e isso é reconhecido pelos culturadores de nossa arte, que os mesmos procuram sempre batalhar com as bandas que costumam ter um sentido centrado para com o Metal Underground. Sempre procurei e procuro até hoje que a Facetumor não seja nunca uma banda sem espírito, ou seja, não ser uma banda vazia sem uma identidade alguma, sem conteúdo. Tocamos Death Metal pro que sentimos isso no sangue e que gostamos de passar nossos negros sentidos através do nosso som e isso pra gente é mais gratificante saber que de uma certa forma estamos sendo reconhecidos através de nossa batalha.

SDZ: Para mim vejo que Vital Remains e Nile são os nomes mais destacáveis na underground mundial na atualidade pois fazem um Death Metal original. Em sua opinião, a “instituição” do Death Metal mundial está bem representada na atualidade? Quais seriam os grandes nomes do Death Metal mundial na atualidade?

B. Abbadon: Ah! Com certeza essas bandas está há meu ver dentro dos princípios citados por nós, também como: Incantation, Deicide, Unleashed, entre outras que até hoje são apreciadas com o gosto do Verdadeiro Death Metal e estão fazendo seus trabalhos sérios.

SDZ: Tenho visto atualmente no movimento Death Metal que no geral as bandas têm deixado a ideologia meio que de lado, ou pelo menos em segundo plano, sendo que para eles, no Death Metal, a música conta bem mais. Acho que isso é um dos erros mais graves já visto no Death Metal mundial, pois a ideologia sempre deveria existir nessa vertente do Metal que é uma das mais fortes e extremas que existe no combate ao cristianismo e todas as corjas ligadas a isso. O que você acha disso? Death Metal sem ideologia pode existir?

B. Abbadon: Cara, acredito que tenhamos que ter nosso lado Ideológico sem duvidas, e com isso estamos cravando o nosso sentimento no que estamos fazendo e alem de tudo no que queremos viver... Isso sem dúvidas é de extrema importância quando se procura fazer um trabalho sério dentro do espírito Underground. Muitas bandas hoje nem existem mais por que se venderam, mostram realmente que faziam de conta que tinha uma Postura (se é que essas tiveram algum dia), pois como já é verídico que o tempo se encarrega de exterminar sem piedade essas que sem conteúdo e muito menus uma Ideologia seria.

SDZ: Você já teve ter ouvido falar que hoje até no Death Metal estão utilizando o Nazismo como um dos complementos ideológicos mais vistos da atualidade. Qual a posição da Facetumor perante essa “ideologia” que ao lado do cristianismo já nasceu para ser falida?

B. Abbadon: Não tenho nem muito que comentar sobre essa forma de “política” dentro do Death e muito menos em qualquer outra vertente do Metal, pois não tem nenhum interesse em certos conteúdos que pra mim são descartados.

SDZ: Todos sabemos que os selos costumam investir no estilo que está em alta no momento, em seguimento a isso vemos muitas bandas de extrema qualidade passando uma década inteira para lançar um Debut, como foi o caso da Corpse Grinder, que é um dos principais nomes do Death Metal nacional e que teve que superar suas dificuldades por mais de uma década para lançar o primeiro CD. Como isso poderia ser contornado atualmente? Como estão os planos para a Facetumor para lançar seu Debut?

B. Abbadon: Isso de certa forma ocorre pela visão capitalista de certos selos ou Distros por apenas visar o estilo que estar em “alta” que pra mim, essas não tem muito espiro do Underground dentro de si, coisa que vem crescendo muito de um tempo para os dias atuais. É devido a isso que muitas levam esse tempo todo para terem seus merecidos trabalhos reconhecidos, alguns conseguem com muito esforço e dedicação fazer um lançamento autoral. O Facetumor teve algumas propostas, mas as mesmas têm que serem analisadas para que possamos saber se podemos estar de acordo com os interessados, ou seja, que estejam dentro dos princípios e alcance da banda.

SDZ: Sendo o Death Metal brasileiro um dos melhores do mundo isso não era para existir, mas acaba acontecendo como tudo de errado que temos nesse país. Por isso vemos com muita freqüência atualmente bandas de vários estilos, mas principalmente o Death Metal, investirem em uma divulgação mais voltada para fora do país e que acabam por conseguir lançar seus materiais por selos de fora, como acontece com a Ophiolatry, Mental Horror e como aconteceu com o Rebaelliun. Vocês já pensaram nisso como uma opção para lançar o Debut? Vocês têm investido na divulgação fora do país?

B. Abbadon: Pra falar a verdade nossa divulgação externa foi muito pouca há meu ver, até que poderia ter sido maior, mas não foi de um extremo interesse de estarmos divulgando fora só por questão de obtermos uma proposta de gravação, sendo que, se for de ser de interesse de alguém fora, vamos analisar muito bem da mesma forma de que em nosso país, pois estamos abertos a propostas assim como muitas outras que procuram propagar o seu mal para os que estão realmente dentro do Metal.

SDZ: No Death Metal mundial vemos uma tendência a produzir uma sonoridade cada vez mais rápida no chamado Brutal Death Metal, que teve como principal representante o Krisiun e hoje temos inúmeras bandas tocando igual, em uma espécie de plágio descarado. Eu particularmente não sou grande admirador dessa vertente do Death Metal que para mim tira muito do feeling comum ao estilo e ao Metal em si. Mas você, o que você acha dessas tendências que têm surgido em todos os estilos de Metal e que em pouco tempo é seguida por todos?

B. Abbadon: É verdade! Existem muitas bandas que estão seguindo essa vertente, mas não é muito o meu gosto também, pois comecei ouvindo o Death Metal Old School e pretendo continuar gostando dessa grande forma que me faz sentir a essência do Death (a meu ver), não descrimino a nova forma, mas o que mais me identifico é o venho e puro Death que até hoje permanece em minhas veias com seu furioso e horripilante som da Morte.

SDZ: Nesses 5 anos de existência a Facetumor já participou de vários festivais aqui em Fortaleza e alguns em outros estados. Quais as principais lembranças que vocês têm desses shows e quais viriam a ser o momento que você queria esquecer relacionado a essas apresentações?

B. Abbadon: O 1° show que participamos sem dúvidas nunca sairá de nossas lembranças assim como para varias bandas o 1° é marcante. Também um dos eventos que me recordo muito bem que foi muito destruidor foi o “Crepúsculo dos Deuses” que podemos compartilhar do palco com: Unholy Flames, Hecate e Nanroth Blackthorn... E também o que dividimos o palco com o Desaster. Com relação ao que poderíamos tentar esquecer não vejo qual! Pois todos serviram de fonte de conhecimentos sendo elas coisas boas ou ruins, com relação a isso hoje sempre que podemos fazemos um levantamento de eventos que possamos ser convidados pra que depois não haja decepções mais tarde.

SDZ: Quando uma banda toca em vários eventos e também quando toca em outros lugares às vezes ocorre de dividir o palco com bandas de ideologias incompatíveis com a da horda. Como tem sido a posição da Facetumor nesse sentido?

B. Abbadon: É! De fato uma coisa que acontece por muitas vezes certas hordas com um tempo depois mostrarem que realmente não sustentam a essência do Metal. Como falei antes, procuramos sempre que podemos estudar o evento pra que não haja decepções, mais isso nem sempre dar certo, pois banda que hoje possam passar uma “postura real” amanhã podem estar sendo desmascaradas por falta de: Seriedade, Postura, Ideologia, Maturidade, e entre outras cosias.

SDZ: Atualmente a cena em nosso estado está bem dividida. O que você acha desse fato e qual a posição da Facetumor perante isso?

B. Abbadon: No meu conhecimento isso ocorre por inúmeras diferenças de pensamentos, uns procuram seguir com seus princípios sérios enquanto os outros não fazem o mesmo. Com o passar do tempo a FaceTumor teve muitas visões com relação a nossa cena e com essas visões podemos amadurecer em nosso princípios, temos nossa postura e atitudes e sabemos quem busca sempre manter a chama do Metal Underground acesa em nosso “mundo”, não são muitos, mas o pouco que existe sabemos o que querem e o que realmente é preciso fazer pra que os difamadores da cena caiam por terra.

SDZ: Bem, Betho, agradeço pela entrevista. Espero estar podendo com ela contribuir ainda mais com o fortalecimento da Facetumor no underground nacional. Desejo-lhes forças em suas jornadas. Sinta-se a vontade para expressar um mensagem final ao nossos leitores... Hail!

B. Abbadon: Meus sinceros agradecimentos à você grande George, por estar nos dando essa oportunidade de estar em vosso artefato que temos como orgulho de compactuar do mesmo. Aos apreciadores do Metal Underground agradeço também pela força que tem nos dado onde quer que estejamos... Com certeza a cena não é só feita de bandas, mas também de seguidores que procuram sempre estar com a visão de quem estar batalhando com honra e atitude...! Salve o Metal da Morte!!! Salve as Criaturas da Noite!!!!


Bio Lord Baal




A Horda Lord Baal foi concebida entre as trevas, sob a negra luz do ano 2005, em Caruaru-PE, trazendo consigo sons oriundos emanados do inferno no total Black Metal, tendo seus hinos blasfemados em português de trás para frente cada palavra. O Black Metal direto ao satanismo ideológico, contra o cristianismo e seus seguidores... Formado pelos 5 membros: Maniac Pazuzu (guitarra), Lord Baalberith (voz), Emperor Baalzebu (bateria), Astaroth (baixo) e Agaures (teclado). Após muito trabalho, sob o domínio de satanás, em meio ao caos e o ódio, ergue-se no dia 06/06/06 o primeiro artefato sendo divulgado com o titulo de Lord Baal, que mais tarde é re-lançada com o titulo de “Sol Mortiço”. No mesmo ano Agaures (teclado) sai da horda por falta de entrosamento, e o som fica mais cru e mais rápido, então no mesmo ano gravam o CD demo "INRI" (Incompetência do Nazareno no Reino dos ímpios). Em novembro 2007 lançam a DT "Ao Vivo em Vitoria/ES", com duas músicas gravadas no Metal Devastation Fest 9. No inicio de 2008, Astaroth (baixo) é banido da Horda pelas suas atitudes imorais dentro e fora da mesma. Com isto a horda segue em frente apenas com: Lord Baalberith (voz), Maniac Pazuzu (guitarra) e Emperor Baalzebuth (bateria). Criando novos hinos, mas sentindo a ausência de um baixista do qual faz com que percam varias propostas de shows no ano de 2008. No inicio de 2009 é convocado o guerreiro Impuro 666 para o baixo, e a horda segue em frente com a nova formação compondo novos hinos para a gravação de mais um artefato.


Entrevista Miasthenia




Por: George Ederson
Junho de 2006

SDZ: Saudações! É uma honra tê-los em nossas páginas. Para iniciar gostaria de pedir uma avaliação sua sobre o negro underground do todo o país levando em consideração todas as mudanças ocorridas desde que a horda surgiu.

Thormianak: Salute irmão!! Acredito que o Black Metal está da mesma forma que a nossa sociedade contemporânea,decadente, não vejo muita coisa interessante no estilo (musicalmente falando) hoje em dia nem aqui e nem fora deste país. Muitas das bandas que ouço e aprecio são dos anos 80 ou da primeira metade dos anos 90, claro que sempre existem exceções, mas de um modo geral acho os trabalhos de hoje muito similares aos de bandas antigas na cena. Ideologicamente falando, os Black Metalers se enveredaram por vários caminhos dentro de temáticas obscuras e polêmicas, de certo, isso fez um diferencial dentro daquilo que se tinha como “verdade” para o estilo, mas ao mesmo tempo dividiu e gerou confusões entre os próprios, cada grupo reivindicando a “verdade absoluta” para si. Acho que isto é um reflexo do tempo e da exposição que o estilo teve/tem em alguns lugares, e que se prosseguir desta forma com certeza a banalidade será ponto comum dentro do Black Metal.

SDZ: Você consideraria dizer que hoje existe muito mais profissionalismo no Black Metal do que compromisso com a real ideologia?

Thormianak: Bom... Depende um pouco do que você quer chamar de profissionalismo, e colocarei aqui minha impressão sobre o nosso cenário, que é o que realmente me interessa. Eu realmente não conheço nenhuma banda de Black Metal brasileira profissional, nenhuma delas é realmente sustentada por gravadoras, ou mesmo consegue sobreviver de cachês de shows e vendas de Cd’s. A maioria mal tem dinheiro para pagar os ensaios, comprar palhetas de guitarra ou realizar uma gravação ideal. Por isso desconheço tal profissionalismo na cena. Desconheço a banda de Black Metal brasileira que já vendeu cds suficientes para que seus membros pudessem parar de trabalhar em algum emprego de bosta... Talvez você queira falar sobre o profissionalismo dos organizadores de shows que fazem de tudo pra ganhar um trocado fazendo shows gringos a toda hora e colocando equipamento abaixo da média em lugares “meia-boca”, tratando as bandas de abertura daqui como lixo. Ou também quem sabe esse profissionalismo se encontre nas gravadorazinhas de fundo de quintal que sacaneiam as bandas sonegando informações e metendo o pau nas próprias bandas que fazem parte do cast, cagando e andando pra a cena nacional e ganhando muita grana trocando cds nacionais por gringos e tendo lucros de até 300%... Ai sim, concordo com você, esse tipo de “profissionalismo” acaba com qualquer tipo de ideologia. Mas pensando bem, dentro da “ideologia” Black Metal, se fala muito em misantropia e coisas do tipo??, em fuder tudo e todos, então partindo deste pressuposto, estes vermes estão apenas fazendo na prática tudo aquilo que se prega na teoria.

SDZ: Após anos do lançamento do Split Cd com Songe D´enfer, como anda a divulgação deste trabalho, ainda existe a possibilidade dos guerreiros adquirirem este grande artefato?

Thormianak: Acredito que sim, a Evil Horde ainda deve ter algumas cópias, mas não sabemos ao certo, pois não temos mais nenhum contato com tal gravadora. Temos a idéia de relançar este trabalho, ainda estamos pensando de que maneira será, vamos ver o que o futuro nós colocará pela frente.

SDZ: A Miasthenia se encontra satisfeita com o trabalho feito pela Somber Music?

Thormianak: O mínimo que a gravadora se propôs a fazer, ela o fez, portanto, neste ponto sim estamos satisfeitos.

SDZ: O cristianismo vem tentando apagar todos os vestígios do paganismo no mundo todo, assim como fizeram na Europa, fizeram na América. Você considera que o século “XVI” representou para nós uma segunda inquisição onde destruíram parte de nossa história? Foi essa a idéia transmitida no álbum “XVI”?

Hécate: Acredito que o século XVI foi um momento de confrontos importantes em nossa história ao revelar a resistência pagã e suas guerras contra a cristandade. O álbum “XVI” foi também uma tentativa de relembrar esse confronto, de declarar abertamente a resistência e a persistência do paganismo, para que toda a cristandade saiba que ela não suficientemente poderosa para sufocar o paganismo. Somos contra a história tradicional escrita por cristãos que buscam retratar de maneira conveniente a supremacia da cristandade. O “XVI” revela a nossa versão da história de maneira poética e ritual.

SDZ: Como anda a divulgação de seus trabalhos fora do país? A temática abordada pela horda, direcionada principalmente para o paganismo sul-americano, tem sido considerável na divulgação no exterior?

Thormianak: Não temos muita idéia sobre a divulgação dos artefatos no exterior. Sabemos que na América Latina estamos razoavelmente conhecidos, já que temos alguns contatos, e também saímos em algumas publicações especializadas e em coletâneas. Mas em outras partes do mundo, realmente é nebuloso. Temos apenas conhecimento de uma banda na Turquia que leva covers do Miasthenia, e alguns bons contatos na Romênia, Canadá e Singapura. Mas realmente fica difícil rolar algo nestes países cantando em português.

SDZ: É comum encontrarmos hordas Norueguesas e Finlandesas que traduzem suas letras, que são cantadas em seu idioma, para o inglês possibilitando maior compreensão no exterior e não dificultando tanto na divulgação. Atualmente aqui no Brasil se encontra uma grande quantidade de hordas que cantam em nosso idioma. Existe alguma preocupação da parte de vocês em traduzir suas letras nos encartes para facilitar a divulgação fora?

Thormianak: Preocupação talvez não, pois não somos uma banda comercial, não existindo preocupação em estar na mídia, ou em fazer turnês na Europa ou coisas do tipo, realmente não temos muito interesse em tocar nestes lugares... Se algum dia isso puder acontecer será realmente do nosso jeito. Aqui as bandas gringas são tratadas com semi-deuses, com direito a groupies, drogas da melhor qualidade e coisas realmente que estão além da nossa realidade. O Miasthenia está a altura de qualquer banda do mundo, aqui ou no “primeiro mundo” então não iremos tocar em qualquer buraco na Europa só para constar no “currículo”, não existe esta possibilidade, por isso “traduzir” as letras pode acontecer ou não, mas se for feita, será para que as pessoas sérias fora do Brasil consigam pelo menos entender a nossa idéia, apenas para isso.

SDZ: No que diz respeito a livros editados sobre o Paganismo de nossa região, você acha que existe um trabalho rico em conhecimento e que possa ser explorado pelo público Black Metal de nosso país, ou ainda falta muito o que documentar? Você poderia citar alguns bons livros onde os guerreiros possam pesquisar mais sobre nosso Paganismo Ancestral?

Hécate: Dentre os livros que mais aprecio destacaria o “Inferno Atlântico” e o “O Diabo e a Terra de Santa Cruz” de Laura de Mello e Souza, a “Heresia dos Índios” de Ronaldo Vainfas, “O selvagem e o Novo Mundo” de Klaas Woortamann. Todos eles revelam a resistência pagã e as maneiras como a cristandade se projetou na América através da demonização e extirpação dos saberes e práticas indígenas.

SDZ: Você como apoiadora ao movimento das Guerrilhas latino-americana acredita que um dia os guerreiros do Black Metal de nossa região possam se organizar e fazer da cena extrema underground uma verdadeira guerra onde possamos lutar por nossas ideologias e culturas antigas, ou você acha que a cena ainda está muito ligada a futilidades estilísticas?

Hécate: Não acredito que a cena Black Metal possa se converter num movimento organizado em prol de um único ideal. A discórdia predomina. Só acredito no Metal , feito com qualidade e inspiração, ele sim é nossa arma na guerra contra a cristandade.

SDZ: A Miasthenia participou do tributo ao Rotting Christ denominado “An Evil Existence For Rotting Christ” com o hino “Visions of the Dead Lovers”. O que você achou do resultado final desse trabalho? Qual sua opinião pessoal sobre Rotting Christ?

Thormianak: Satisfatório. Existem neste artefato várias versões que realmente ficaram muito boas!! Não tivemos tempo suficiente para fazer uma boa gravação, gastamos apenas quatro horas para gravar, mixar e masterizar, pois tínhamos pouco tempo para entregar o material para a gravadora. E por algum motivo que desconhecemos, a coletânea ficou ainda “arquivada” por 2 anos ou mais, finalmente saindo em 2004 e.v. Para nós foi um honra fazer parte deste tributo! Somos apreciadores dos trabalhos mais antigos do Rotting Christ, mas de forma nenhuma desmerecemos sua fase atual, afinal cada banda sabe onde quer chegar com suas idéias.

SDZ: Vocês alteraram o logo duas vezes nos últimos trabalhos, acrescentando e retirando os detalhes recém acrescentados. Quais os motivos dessas mudanças?

Thormianak: Queríamos tornar o logo um pouco mais simples e objetivo, já que a maioria dos zines e cartazes de shows são sempre feitos através de xerox, e isso acabava deturpando demais a arte.

SDZ: A quantas anda o Mictian Zine? Pretende mesmo trabalhar com uma versão na Web?

Hécate: Infelizmente não tenho tempo suficiente para me dedicar a essa publicação, quem sabe futuramente. Tenho me dedicado mais ao Miasthenia e às suas novas composições.

SDZ: A Miasthenia hoje é uma das hordas de Black Metal que mais figura nas páginas das revistas grandes em nosso país. Como você avalia a situação da imprensa underground atualmente, rincipalmente os zines impressos? Você acha que esta arte sobreviverá a grandes revistas e webzines? Como fazer para que os velhos zines consigam um pouco mais de apoio?

Thormianak: Bom... Aparecemos em algumas raras revistas somente em comentários de shows ou dos Cds lançados pela banda. As entrevistas são raras, somente duas foram publicadas desde 2002, até porque nós somos uma banda que investe muito pouco em seus contatos. Quanto aos zines e publicações similares, eu sou bastante categórico, já houveram melhores, com mais conteúdo. No final dos 80 e inicio dos 90 existiam muitos zines de ótima qualidade, hoje acho um pouco fraco este segmento, às vezes me pego lendo entrevistas de zines antigos e sinto que eram bem mais interessantes. Não creio que os zines morram por causa da web, mas acredito que para sua sobrevivência eles precisem trazer mais informações e qualidade gráfica, sem fugir do underground. O “zineiro” é por si só um batalhador que corre atrás de tudo praticamente sozinho. Às vezes isso atrapalha, colocando vários empecilhos para a formatação do artefato. Acho que desse modo é muito difícil trabalhar . Criar uma pequena equipe de colaboradores para que se possa chegar num bom resultado seria o ideal.

SDZ: Todos sabem que a Miasthenia é uma das maiores hordas nacionais. Como anda a possibilidade da horda se apresentar fora do país? Os outros países da América do Sul estão bem próximos se comparado a Europa, possuindo alguns uma considerável cena Black Metal, vocês pretendem um dia nos países vizinhos? O que acha da cena Black Metal Sul-Americana?

Thormianak: Estamos sempre em contato com o pessoal do Alerta Subterrânea na Bolívia, cogitamos algumas vezes em tocar por lá, mas ainda não temos nada de concreto. Gostaríamos de tocar em toda a América Latina, seria tour de nossos sonhos!! Talvez possamos realizar isto um dia!! Os problemas sempre aparecem, pois como não somos uma banda profissional, não possuímos uma “escala” de shows ou datas pré-marcadas, não temos ninguém, além de nós mesmos, que tenha tempo ou vontade para trabalhar as coisas neste sentido, por isso se torna muito mais difícil agendar qualquer tipo de celebração. Conheço algumas ótimas bandas Latino- Americanas mas nem todas são de Black Metal, pois aprecio muito o Heavy Metal latino americano em geral. Posso citar Mortem, Nahual, V8, Kraniun, 1917, Hermética, Templo Negro, Angeles del Infierno, Pentagram, Necrosis, Sabaoth, Bendesar, Baxaxa, Legiòn, Paganus Doctrina entre muitas outras. Na América latina se faz um tipo de Metal diferenciado do resto do mundo, e eu tenho muito orgulho disso!!

SDZ: No Brasil atualmente são muitas as hordas que abordam em suas obras temas ligados a cultura Pagã de nossos ancestrais. Dos outros países da América Latina, o Brasil é o que possui a cena mais expressiva, mas em sua opinião pessoal, quais outras hordas da América do Sul que se destacam e abordam temas pagãos?

Thormianak: De todas as que existem vou citar o Mythological Cold Towers, por saber que se trata realmente de pessoas com muita seriedade neste sentido, conhecendo e admirando o seu trabalho desde o inicio, contando hoje, no posto de baterista no Miasthenia o próprio Hamon, um dos fundadores do MCT.

SDZ: Existem muitas hordas nos últimos anos com o verdadeiro orgulho pagão sul-americano, mas o que você acha da utilização do Hino Nacional Brasileiro e da exaltação a Bandeira Nacional? Qual a posição da Miasthenia? Você não acha que estes são símbolos políticos?

Thormianak/Hecáte: Hino Nacional? Achamos uma idéia no mínimo infantil, parece mais adequado a uma colação de grau ou formatura de oitava série!! Ou quem sabe para a abertura de uma partida de futebol!!. Black Metal é algo completamente diferente de qualquer idéia de nacionalismo barato e conservador, de idéias políticas positivistas. Nós somos totalmente contra qualquer coisa que traga lemas positivistas como o lema “ordem e progresso” expressa na bandeira, só reflete um conservadorismo do qual não fazemos parte. Somos a favor do caos!! Que porra é essa de criancinhas cantando o hino? Meu hino se chama “Black Vomit” (Sarcófago) esse sim pode botar em todos os shows!!

SDZ: Pra finalizar... Você tem o conhecimento que a Miasthenia possui muitos admiradores em todas as partes do país, incluindo o Nordeste. Quando uma turnê por esses lados vai dar certo? A parceria entre as hordas tem sido uma saída para vencer essas barreiras, você não acha?

Thormianak: Sim, sabemos que temos um grande numero de apoiadores no Norte/Nordeste, e várias vezes tentamos arranjar um show nesses lugares, mas nunca tivemos o respaldo suficiente para isso. Ainda esperamos um dia poder fazê-lo! Não depende só de nós, existem alguns empecilhos para realizar shows em lugares tão distantes. Esse lance de parceria entre bandas quem sabe algum dia possa rolar. Tudo é incerto.

SDZ: Bem, queria te agradecer pela grande entrevista que você cedeu ao Satanic Destruction Zine. Saiba que conta com um verdadeiro aliado nesta eterna guerra pelo orgulho pagão! Hail!! Deixo o espaço livre para expressar suas considerações finais aos leitores...

Thormianak: Obrigado pelo espaço cedido!!! Longa vida ao Metal Pagão Latino Americano