terça-feira, 10 de março de 2009

Entrevista Eternal Malediction



Por George Ederson

SDZ: Saudações Rafael! Quando vocês começaram com formar a banda em meados de 1998 tocavam Speed Heavy Metal, um estilo totalmente diferente do que vocês tocam atualmente. Além disso, a banda se chamava Etherealand. Qual o motivo na mudança do nome e no direcionamento musical? Qual era a proposta inicial?

Rafael – Desde o início a nossa proposta era fazer a mistura do som extremo com partes mais melódicas, limpas, sem ficarmos presos a rótulos ou seguimentos para limitar a nossa música, mas quando começamos a banda diria que não tínhamos uma clareza de como fazer esta junção. Quando o Heverton se juntou a nós, em 99, entramos em um novo ciclo, com um novo nome, mais maduros e conscientes de como fazer a nossa música.

SDZ: Queria que você fizesse um comentário sobre os resultados obtidos com os dois primeiros trabalhos, a DT “No Mercy of Christian Souls” e o MCD “Funeral in Normandia”.

Rafael – Em “No Mercy...” foi o início, nenhuma experiência com gravações, tudo feito de forma bem precária, mas com confiança nas músicas que estavam sendo gravadas. Os resultados da demo nos surpreendeu, as resenhas foram excelentes, tivemos uma grande quantidade de shows e a aceitação do público foi ótima. Em “FIN”, tínhamos um novo membro, R.Lopes (que havia entrado logo no segundo show de divulgação da demo), um pouco mais de experiência dentro de um estúdio de gravação, uma arte gráfica feita por um designer (Beto Martins), músicas mais extremas e trabalhadas. Mais uma vez os resultados foram excelentes, divulgação, resenhas, aceitação do público e o ápice com o convite para abrir para o Behemoth, em dezembro de 2004. Estes materiais são grandes alicerces para onde estamos hoje.

SDZ: A Eternal Malediction evoluiu bastante da DT “No Mercy For Christian Souls” até o “Funeral in Normandia” e deste até Debut. Em sua opinião em quais pontos a horda evoluiu mais?

Rafael – Estamos mais velhos (risos), acho que a idade nos apontou os caminhos por onde deveríamos seguir, acredito que tudo evoluiu, as letras, as músicas, principalmente no que se refere à parte técnica, este é o curso natural de quando trabalhamos com dedicação e profissionalismo.

Heverton – Acho que outra coisa que vem acompanhada da idade é a ampliação dos gostos musicais de cada um e com isso novas inspirações surgem, trazendo ainda mais variação à nossas composições.

SDZ: Agora depois de um tempo do lançamento de “Funeral in Normandia”, qual a repercussão desse trabalho perante o negro underground mundial? Você acha que este trabalho foi o que definiu o estilo criado pela Eternal Malediction?

Rafael – “FIN” foi sem dúvida um marco para nós, ficamos satisfeitos com os resultados obtidos, como disse, a recepção para este trabalho foi excepcional, tivemos a oportunidade de tocar fora do estado de São Paulo, abrir para uma banda gringa, entre outras conquistas.

Heverton – Se você ouvir com calma, perceberá que o estilo foi definido desde nossa demo-tape, o que houve foi a já citada evolução tanto no “FIN” como no debut.

SDZ: Notasse alguns elementos eletrônicos industriais em alguns sons de “Funeral in Normandia”, além de experimentalismo no vocal. O que significa esses sons? Existe alguma influência direta de música eletrônica de algum dos membros do Eternal Malediction? Esses elementos farão parte dos futuros trabalhos da horda?

Rafael – Eu não diria elementos eletrônicos ou industriais, quando estamos em estúdio procuramos desfrutar de tudo aquilo que ele nos proporciona, seja a timbragem de um instrumento ou efeitos sonoros para enriquecer a nossa música. Não temos influências de música eletrônica. A nossa arte não segue padrões ou limites.

Heverton - Posso lhe afirmar que não temos discriminação com estilos eletrônicos, mas também sabemos separar as coisas e no momento não sentimos necessidades de usar tal artifício. Como o Rafael falou, nós apenas utilizamos a tecnologia para enriquecer detalhes, algo que na verdade, vem sendo comumente usado por diversas bandas, inclusive as extremas.


SDZ: Atualmente vocês estão divulgando o recém lançado Debut Cd “Endeavour Though Throns”, como rolou todo o processo de composição desse trabalho? Quais as temáticas abordadas? Comente sobre a concepção da capa e arte gráfica deste trabalho...

Rafael – “Endeavour Through Thorns” foi muito árduo. Começamos os trabalhos nas composições em 2004, quando gravamos uma primeira pré-produção. Em janeiro de 2005 entramos em estúdio e lá ficamos até maio. As gravações rolavam durante a semana e muitos arranjos e melodias foram criados na hora, o que deixou o disco bem orgânico. Quando fomos mixar, infelizmente não poderíamos fazer no “Ancient Valley´s Tower” (onde gravamos), devido a problemas de agenda. Ficamos entre junho e julho pensando onde mixar e em agosto realizamos este trabalho no estúdio Casa Negra. Masterizamos no Instituto de Áudio e Vídeo, em São Paulo. Todo o processo levou um ano devido a problemas financeiros e por ser um disco gravado de forma independente, tudo saiu do nosso bolso!

Sobre as temáticas, são várias e preferimos deixar os ouvintes interpretarem a sua maneira.

A arte gráfica é um reflexo do nome do disco e das músicas, é difícil explicar já que deixamos o Beto Martins (autor das ilustrações e arte do cd) e Robson Piccin (autor do splipcase), livres para fazerem como acharem melhor, demos nossas opiniões, mas não interferimos na essência.

Heverton – Mas só para dar uma dica, a figura feminina que você vê na arte, tem ligação com a música “Burning Inside the Purity”.

SDZ: Vocês assinaram com a Force Majeure Records para o lançamento do Debut Cd “Endeavour Though Throns”. Quais as expectativas com essa parceria? Como se desenrolou a negociação?

Rafael – O Rodrigo, dono do selo, já nos conhecia, enviamos para ele um promo com cinco músicas e surgiu o interesse. Na verdade foi tudo muito simples, sem complicações. A parceria tem sido excelente, e os resultados estão aparecendo. Estamos muito satisfeitos com o trabalho da Force Majeure.

SDZ: Vocês mais uma vez trabalharam no estúdio Ancient Valley´s Tower (Spell Forest, Mythological Cold Towers, entre outros), e essa parceria vem dando ótimos resultados, tanto no “Funeral in Normandia”, tanto no Debut. E desse estúdio vem sendo produzidos grandes opus com uma qualidade impressionante, em sua opinião a que se deve isso? Vocês pretendem trabalhar novamente neste estúdio? Qual a equipe que participou da gravação/produção do álbum?

Rafael – Profissionalismo e nada mais. Os caras do “AVT” são totalmente conscientes do que é necessário para se gravar um bom disco, os equipamentos, tudo... Não existe medo em arriscar e investir no trabalho deles. Não sei se trabalharemos com eles novamente, o Casa Negra se mostrou um estúdio eficiente na mixagem do disco e talvez algumas coisas sejam feitas lá.

Para gravação do “Endeavour Through Thorns”, Hamon (baterista do Mythological Cold Towers), nos auxiliou muito, em todo processo e o Lord Mephyr (Spell Forest), fez uma participação pequena em uma música.

SDZ: A Eternal Malediction sempre divulgou seus trabalhos nas chamadas “revistas especializadas” que abrange um público muito grande em todo o país, mas que não é necessariamente o público que compra zines e freqüentam os festivais underground de Metal Extremo. Como vocês dividem o esquema de divulgação entre zines e revistas? Qual a que vocês tem direcionado maior importância para a divulgação do Debut Cd?

Rafael – Agora que estamos com um contrato, quem decide os caminhos da divulgação é o selo Force Majeure, mas não deixamos de apoiar aqueles que nos deram espaço na época da demo e do mcd. Não damos maior importância para este ou aquele veículo de informação relacionado ao Heavy Metal, achamos que zines, webzines, revistas, são importantes para as bandas divulgarem seus trabalhos e para cena fortalecer.

SDZ: Notei que vocês são uma das hordas que mais se apresentam ao vivo atualmente, pois são muitos os eventos underground que vocês participam, além disso tem as participações em grandes eventos, como a abertura para o Behemoth e Deicide. Como tem sido essas apresentações? Qual a que você destacaria como a melhor e a pior apresentação de vocês a até o momento?

Rafael – Cada show tem seu momento. A abertura para o Deicide foi especial porque estávamos há um ano sem fazer shows devido à gravação do debut e o pior é aquele em que você sobe no palco e toca para pessoas que não estão nem ai para sua música e se dizem apoiadores da cena nacional, são meros hipócritas.

Heverton - Na verdade, não temos mais feito muitos shows como antes. Não porque não queremos, ou viramos estrelinhas, como alguns podem achar, mas por termos notado que ao longo dos anos já fizemos muitos shows com condições precárias e que com isso não conseguimos passar uma boa impressão de nosso trabalho. Há muitas pessoas com boa vontade para organizar eventos, mas sem a menor estrutura, e nisso todos perdem, pois bandas fazem shows ruins, o público se vê descontente com tais shows e organizadores se queimam com bandas e públicos.

SDZ: Quais os planos para uma possível turnê pelo país para divulgar o Debut Cd? Existe algo acertado ou em planejamento? O Nordeste estará no roteiro?

Rafael – Estamos tentando fechar algumas datas para o segundo semestre, juntamente com a Force Majeure, mas existem as dificuldades financeiras e de transporte, o Brasil é um país imenso. Temos muita vontade de tocar no Norte/Nordeste do país, já ouvimos coisas fantásticas sobre shows por ai!

Heverton – É como acabei de citar acima, existe muita vontade, de todas as partes, mas nem sempre estrutura para as coisas acontecerem.

SDZ: Atualmente vocês estão sem um site oficial no ar, apenas com um provisório que conta com 2 sons do debut para Download. Quando vocês pretendem disponibilizar um site oficial? O que vocês esperam desse meio de comunicação?

Rafael – O site já está no ar, para acessar: www.eternal-malediction.com. Esperamos uma maior interatividade com o público brasileiro e internacional, é uma excelente ferramenta de divulgação.

Heverton – Lembrando que o site foi desenvolvido por Gustavo Sazez que é um conhecido designer de diversos sites e layouts de diversas bandas de nossa cena. A página vem com muitas coisas tais como: News, MP3, wallpapers, perfil dos músicos, fotos, release e biografia, etc. Visitem e confiram por si.

SDZ: Qual a posição da horda com relação ao uso do Corpse-Paint, pois vejo que inicialmente vocês não usavam, mas atualmente estão utilizando nas apresentações. Todos atualmente utilizam corpse-paint ou fica a critério de cada integrante?

Rafael – Não chamaria de corpse-paint, afinal não somos uma banda de black metal e respeitamos isto dentro desta arte. O que estamos fazendo é trazer um pouco mais o aspecto visual para o palco, fazendo uma extensão das nossas músicas e letras, deixando o show mais obscuro e negro!

Heverton – Antigamente eu era o único a fazê-lo, mas hoje todos nós enxergamos a importância de trazer uma imagem para os músicos e também um apelo visual para a banda em palco. Isso ajuda o ouvinte a se sentir no “clima” de nossas músicas e de nosso show. Esperamos, com o tempo, melhorar as condições visuais de nossos shows, mas sempre priorizando a música. Nada de teatros.

SDZ: A Eternal Malediction é uma das hordas nacionais que possuem trabalhos com qualidades suficientes para superar muitas hordas européias, e esse nível de qualidade tem aumentado muito nos últimos anos, mas ainda se encontra muita dificuldade para exportar estes trabalhos, ficando quase sempre restrito ao nosso continente, com exceção das poucas cópias que saem do país. O que poderia ser feito para que haja uma melhor divulgação de nossas hordas no exterior? Você acha que esta deficiência permanecerá por muito tempo ou já está caminhando para uma solução?

Rafael – Acho que a barreira está sendo quebrada, os últimos lançamentos nacionais estão com uma preocupação profissional muito maior, o mais complicado é a concorrência econômica, devido à força da moeda européia eles acabam tendo um acesso maior a bons equipamentos, chegando para nós brasileiros, por um valor quatro ou cinco vezes maiores do que é vendido por lá!

Heverton – Agradeço aos elogios! Concordo com o Rafael em dizer que a barreira está sendo quebrada, mas acho que a primeira coisa que muitas bandas deveriam fazer é procurar melhorar o nível de produção de seus trabalhos para que os gringos enxerguem o metal nacional de um outro modo, com uma cara mais profissional. Sei que pelas mesmas condições que o Rafael citou, as coisas não são tão fáceis, mas é preciso trabalhar  muito e ser organizado e persistente. Alcançar um nível melhor para seu trabalho exigi muito de uma banda, mas se uma pequena parcela começar a se preocupar com isso, com muito esforço chegarão a um resultado melhor, e aos poucos seremos mais bem aceitos lá fora.

SDZ: Rafael, agradeço pela entrevista e amizade ao Satanic Destruction Zine. Desejo-lhes força na batalha de divulgação de seu grandioso Debut, e espero vê-los por aqui em breve. Você tem espaço livre para expressar o que quiser...

Rafael – Nós quem agradecemos a oportunidade e espaço cedido ao Eternal Malediction, força ao Satanic Destruction zine e aos leitores que se interessarem pelo nosso trabalho, por favor, entrem em contato. Site: www.eternal-malediction.com e contact@eternal-malediction.com. Obrigado, Satan “bless” You!!!

Heverton – Façam parte também da comunidade da banda no orkut, opinem e conversem diretamente conosco por meio deste.

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