SDZ: Saudações, grande guerreiro Josenildo Rufino! Queria começar esta entrevista com um comentário sobre as atividades da horda nos últimos anos.
Josenildo Rufino: Salve! É uma grande honra participar da sua publicação. O Shedim lançou no ano 2000 da era vulgar seu primeiro trabalho. Até 2004, ano do lançamento do segundo artefato, tivemos algumas mudanças na formação e fizemos algumas apresentações. A partir de 2004, optamos por seguir como um quarteto e como de costume seguimos divulgando nosso trabalho.
SDZ: “The Great Black Goat” traz a Shedim com algumas mudanças na formação. Como você analisa a atuação da nova formação, tanto no Cd-demo como nas apresentações ao vivo? Você acha que essa veio a somar e trazer um Shedim ainda mais forte?
J. Rufino: Sempre tivemos problemas com baixistas. Quando achávamos que tínhamos encontrado a solução, acontecia alguma coisa e voltávamos a mudar novamente. Nosso antigo vocalista decidiu sair porque pretendia se dedicar exclusivamente à sua outra horda. Esses fatos ocasionaram uma maior união nossa, pois descobrimos que poderíamos solucionar tudo somente remanejando alguns integrantes. Foi o que fizemos. Ao vivo a gente não notou muita diferença, pois sempre ficava uma guitarra mais alta do que a outra e ninguém ouvia nada direito. Em estúdio não tem esse problema. Os quatro remanescentes são os da formação original. Acreditamos então que esta seja a melhor para o Shedim.
SDZ: Quais os motivos das mudanças na formação?
J. Rufino: Divergências musicais, pessoais, fator financeiro, empenho, acreditar no potencial da horda e no seu próprio, pé no chão, etc. Têm um pouco de cada coisa. Todos os que passaram saíram por algum motivo. Como foram muitos, muitos foram os motivos.
SDZ: É inevitável essa pergunta: Como você compara a DT com este CD-demo?
J. Rufino: Amadurecemos musicalmente. Aprendemos a compor de uma forma mais rápida e mais consistente e os hinos estão mais fortes e melhor estruturados e mais bem gravados. Também repassamos um pouco da nossa trajetória para as letras e divulgamos tudo melhor. Ou seja, pensamos o segundo opus desde a sua concepção à sua divulgação, passando por todo o processo de produção. The lord of this land foi feita de uma forma muito vaga. Ensaiamos, gravamos e divulgamos. The great black goat foi planejada desde o início para se tornar algo que não ocasionasse maiores transtornos para os envolvidos na sua produção e divulgação.
SDZ: A Shedim possui material suficiente para lançar um album completo, o que de fato estava sendo planejado por vocês, mas no lugar disso vocês lançaram o demo The great black goat contendo 5 hinos grandiosos. O que ocorreu para que o debut tenha sido adiado? O fator financeiro pesou na decisão de adiar o lançamento do debut lançando no momento apenas o demo?
J. Rufino: Muito pelo contrário. Saiu mais caro produzir a demo do que se tivéssemos encarado um CD oficial. Temos até hoje propostas financeiramente viáveis para que isso aconteça, mas preferimos trabalhar do nosso jeito, no nosso ritmo. Boa parte dos selos querem um “produto” para vender e obter lucro. Nós encaramos nossa música como “arte” para ser ouvida e apreciada. Arte extrema, é verdade, mas também queremos que nosso público seja extremo. Então, se alguém se interessar em nos lançar terá que ser a “arte Shedim” e não o “produto Shedim”.
SDZ: Existe algum selo interessado em lançar o debut ou você optará por lançá-lo pelo seu próprio selo?
J. Rufino: Temos algumas propostas, mas como lhe falei, nenhuma delas se adaptou à nossa forma de encarar o cenário. Temos ainda algum material para divulgar e quando ele acabar, aí pensaremos se aceitamos alguma dessas propostas ou alguma outra que venha a surgir. Caso não seja possível, faço pela Gravadora Inferno mesmo e continuo mantendo o total controle sobre a nossa obra.
SDZ: Como anda a divulgação da Shedim em outras terras? Você tem investido na divulgação no exterior ou mantém a divulgação concentrada em nosso país? De que maneira tem rolado essa divulgação?
J. Rufino: Tenho feito diversas trocas com selos e distribuidores de outros países. Essa é a forma que busco, pois acredito nas alianças para uma divulgação mútua. Nossa arte está sendo muito bem recebida lá fora e isto talvez possibilite até algumas celebrações por lá.
SDZ: Você poderia falar sobre o negro underground de seu Estado atualmente? Tenho notado que ele anda meio que parado nos últimos anos. Algum fator tem somado para que isso venha ocorrendo ou apenas é mais um daqueles períodos de baixa? Quais as hordas que você nos destaca atualmente?
J. Rufino: Sinceramente eu vejo a cena extrema norte-riograndense como outra qualquer. Temos grandes hordas e umas bostas também. Posso lhe indicar Lord Baphomet, Nocturno Culto e Noctívago Misantropo que são as que mais recentemente lançaram seus materiais. Não sei lhe dizer se é um período de baixa porque é muito difícil você analisar algo que é muito variável quando você é estático. Se a cena muda é porque as pessoas mudam. Como sou o mesmo há mais de 20 anos, frequentando os mesmos lugares e conhecendo as mesmas pessoas, pra mim é como se estivesse tudo igual.
SDZ: Em minha opinião, a Shedim tem uma certa influência do Black Metal grego, como Rotting Christ, Varathron, Nergal, etc... Você concorda com essa observação? Quais outras hordas podemos considerar como influenciadoras em seu trabalho?
J. Rufino: De um certo modo você está correto. Ouvíamos muito aquilo que vinha da Grécia quando lançamos nossa primeira demo e isso com certeza se incorporou às nossas canções. Lá em cima, quando falo sobre melhor estruturar as composições significa você procurar criar algo seu, numa eterna busca da individualidade artística. Quando compomos procuramos dar à música a cara do Shedim, mas qual a cara do Shedim? É um processo cíclico e sem fim. Mantém-se a base, a linha geral, mas com certeza aquilo o que mais ouvimos será repassado para os novos hinos. Isso pode ser Black Sabbath, Running Wild, Venom, Celtic Frost, Bathory, Slayer e muitos outros. A lista é imensa.
SDZ: Rufino, a Shedim não utiliza Corpse-Paint nem em fotos nem ao vivo. Tem algum motivo para isso? Porque vocês não utilizam dessa tradição Black Metal? Você acha que o Corpse-Paint tem sido banalizado por muitas dessas bandas modistas que tem sujado a imagem do Black Metal?
J. Rufino: Particularmente eu não ligo para isso, pra esse modismo. Se banaliza o cenário ou não uma banda ou centenas delas usar corpse paint. Na verdade o que importa é a essência. Optamos por tocar sem maquiagem porque não achamos que ela seja um elemento essencial dentro do metal negro. Fazemos parte do grupo formado por aqueles que se preocupam com seus próprios problemas. Querem usar? Usem! Não querem usar? Não usem! Que diferença faz, se na verdade o que importa é a ideologia e a atitude? Respeitamos quem utiliza o corpse paint como complemento ao seu trabalho, mas não admitimos que o metal negro se resuma somente a pintar a cara. Tenho visto cada bosta maquiada sem a menor cerimônia de se auto-intitular black metal que me faz crer que acertamos em nossa escolha. Existem muitas hordas que atuam dessa forma e que fazem um trabalho consistente. Essas nós respeitamos. As que pararam de falar e estam atuando de forma significativa, independente da maquiagem.
SDZ: Existem planos para uma turnê da horda pelo Sul / Sudeste do País?
J. Rufino: Alguns integrantes têm sérios problemas de horário decorrente do seu emprego convencional. Isto é um elemento complicador para nós, mas como estamos bem mais maduros no tocante a como lidar com nossos compromissos, no momento certo e na ocasião oportuna, estaremos sim executando nossos hinos para os guerreiros do sul, sudeste e das outras regiões do País.
SDZ: O que você acha da atual fase do Black Metal nordestino? Na sua opinião, quais as principais forças do Black Metal de nossa região atualmente?
J. Rufino: Malkuth (PE) e Hecate (CE) com seus discos maravilhosos. Também tem o pessoal que está no formato demo, mas que se tiverem um pouquinho de paciência e algum apoio vão despontar, como é o caso do Empire Of Shadows (PE), Empire Night (PB), Mystical Fire (SE), Lord Baphomet (RN), DCLXVI (PB) e outras que não me recordo agora.
SDZ: Black Metal NS. O Sul tem se tornado o celeiro de muitas bandas que têm adotado essa fracassada ideologia. Muitas bandas que há alguns anos possuíam contatos com guerreiros de todo o Nordeste, como foi o caso da Dark Lord e Ares Wrath, entre outras, tendo até trabalhos seus lançados por selos de nossa região e que de uma hora pra outra se declararam NS. Na sua opinião, o que leva esses vermes a adotarem essa ideologia?
J. Rufino: Não sei e sinceramente não quero saber. Pra mim, o que importa é fazer aquilo o que se achar correto. Quase tudo na vida é uma questão de ponto de vista, de referencial. Para nós é difícil entender que alguém seja submisso à uma doutrina com a qual não concordamos, mas para eles talvez seja a coisa mais normal do mundo. Então prefiro ficar na minha, com minhas idéias e meus ideais. Não defendo nem condeno a ideologia de ninguém, pois pouco me importa se um ou um milhão querem idolatrar Hitler e seus asseclas, diferentemente das mudanças de atitude, o que considero uma fraqueza. Sei de uma ou duas bandas que morderam a mão de quem as alimentava e acho isso o máximo. Tanto para aqueles que não valorizaram quem estava próximo quanto para os que hoje falam um monte de besteira mas têm o rabo preso ao passado. Os falsos mostram a sua cara mais cedo ou mais tarde...
SDZ: Sul vs Nordeste. O que você tem achado dessa guerra que vem sendo criada por certos idiotas que andam espalhando intrigas entre os que deveriam estar unidos lutando pelo fortalecimento do underground do país? Até onde você acha que isso vai?
J. Rufino: Não acredito nessa guerra entre o sul e o nordeste. Vejo fofoquinhas e infantilidades vindo da parte de alguns, mas transformar isso em uma guerra é demais para mim. Essas intrigas sempre existiram e sempre vão existir. Quem tiver suas broncas que as resolva. Daqui há alguns anos esses merdinhas vão sumir mesmo, então pra quê dar crédito a isso? Também não acredito na união do underground, pois quando acaba uma intriga começa outra. Todas essas desavenças servem apenas para consolidar quem quer trabalhar de forma digna e honrada, pois passam longe e incólume de tudo isso.
SDZ: O que isso pode trazer de prejudicial para o underground de ambas as regiões?
J. Rufino: Nada. Não prejudica
SDZ: Já ouviu falar desse tal de Inner Circle do Sul que vem sendo criado pelo Count Sugarth da Great Vast Forest juntamente com muitas outras bandas daquela região? O que você acha dessa palhaçada?
J. Rufino: Acho interessante. Quando surgiram os primeiros comentários sobre o Inner Circle norueguês muita gente achou o máximo. Porque é aqui no Brasil não pode? É uma chupação? E daí? Organizar-se em entidades, clubes ou círculos é uma forma de fortalecer algo que se quer defender. O grande ponto reside no que se está defendendo. Já ouvi falar desse Southern Inner Circle, mas a mim não acrescenta nada. As pessoas envolvidas na cena extrema brasileira têm que entender que o diferencial de Hitler para outros ditadores foi a sua propaganda eficaz. Toda essa ladainha de guerra do sul contra o nordeste somente faz sentido para quem lhe dá crédito e é a arma dos caluniadores, difamadores, separatistas ou NS. Não lhe dêem atenção e eles se afundarão em seus próprios sonhos megalomaníacos.
SDZ: Bem, grande aliado, finalizo esta entrevista agradecendo sinceramente por todo o apoio que a horda Shedim tem direcionado ao meu trabalho nestes anos conturbados. Deixo o espaço livre para você expor sua mensagem ao leitores do Satanic Destruction Zine. Hail Satan!!
J. Rufino: Somos nós quem agradecemos pelo espaço e pelo apoio. Não levantamos nenhuma bandeira alheia, seja NS, separatismos, regionalismos ou qualquer “ismo” que porventura venha a ser criado. Defendemos aquilo o que acreditamos e aqueles que nos apóiam e é só. Desde já, fica a certeza de que continuaremos a trilhar nossos próprios caminhos. Salve Satanic Destruction! Salve hordas extremas do Brasil!
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