quinta-feira, 5 de março de 2009

Entrevista Hecate


Por George Ederson - 08/2001

SDZ: Saudações Pagan Priestess. Inicio pedindo um breve resumo da trajetória da horda Hecate em nosso fudido underground.

Pagan Priestess: Saudações!! Nossa trajetória tem como principal característica a luta, a batalha pelos nossos ideais e pelo som que admiramos. Tudo começou em 95 com a união dos primeiros membros: Lord Thanatos, Pagan Priestess e Possessed (1° batrista). Após mudanças na formação lançamos em 98 a DT “Sob o Signo da Magia” gravada ao vivo; depois desse lançamento vieram mais mudanças em nossa formação, assim gravamos uma música para a compilação “Southern Warriors Cult 2” e estamos preparando para 2002 o lançamento de uma promo e nosso Debut CD. Em resumo foram muitos obstáculos vencidos e sabemos que haverão ainda muitos por vencer.

SDZ: Fale-nos um pouco sobre a ideologia da horda.

Pagan Priestess: Nossa ideologia se identifica totalmente com a espiritualidade oculta, negra e profana. Temos como Satanismo, Paganismo, Feitiçaria sempre farão parte de nossas letras e poderão existir outros que também versem sobre o oculto. O que não queremos é expressar o dogmatismo, pois chega de dogmas! A filosofia judaica-cristã é combatida exatamente por ser dogmática. Posso dizer que nossa ideologia é essencialmente negra, espiritual e pelo livre-arbítrio expressado com consciência.

SDZ: Quais as influências musicais e literárias comuns aos membros da Hecate?

Pagan Priestess: Todos nós escutamos Metal em seus variados estilos e temos em nossa consideração as bandas que foram e são importantes para o fortalecimento do Metal. Dentro do Black Metal ocorre o mesmo, ouvimos variadas bandas, mas a maior influência vem de nós mesmos, do que queremos demonstrar e a nossa música se submete à nossa Ideologia, ora pode ser rápida, ora lenta, ora fará uso de teclados ou não, etc. Tudo para que a Ideologia seja melhor expressada. Na questão literária temos em nossa conta autores como Eluphas Levi, Dante, Milton, Augusto dos Anjos, etc. Livros históricos sobre culturas antigas, etc. e que abordam temas ligados ao oculto, entre outros.

SDZ: Como você analisa a repercussão obtida pela DT “Sob o Signo da Magia” no underground nacional?

Pagan Priestess: Esse trabalho obteve críticas bastante positivas e foi responsável pela introdução do nome Hecate no negro cenário underground. Apesar das dificuldades pelas quais passamos para concretizá-lo, inclusive foi gravado ao vivo, “Sob o Signo da Magia” é um marco na história da horda. Sua ótima aceitação no cenário é algo que nos honra bastante.

SDZ: A horda não toca em Fortaleza desde 21 de outubro de 2001. O que resultou nesse longo intervalo das celebrações da horda Hecate em nossa capital? Vocês tocaram em outro lugar nesse período?

Pagan Priestess: Esse período que passamos afastados de shows foi necessário, serviu para trabalharmos as músicas que estarão no Debut CD, ficamos muito concentrados nisso e procuramos fortificar cada vez mais nosso estilo musical e nossa proposta ideológica. Durante esse tempo tocamos apenas uma vez em Natal (RN) com o Govanon, Lord Blasphemate e Nightbreath em Maio de 2001 em um show bastante memorável.

SDZ: Existe uma previsão das próximas celebrações da horda dentro e fora do nosso estado?

Pagan Priestess: Aqui em Fortaleza há o show “Days of Torments”, dia 02/02 com As the Shadows Fall, De Alphirian e Revel Decay; nesse show ocorrerá o lançamento oficial de nossa promo “Iniciais Heresias”. Para 2002 há muitas possibilidades de shows, principalmente fora do estado. Vamos ver se irão se concretizar. Agora aqui em Fortaleza faremos o show de lançamento de nosso Debut Cd.

SDZ: Vocês estão preparando o lançamento do Debut Cd para 2002. você pode nos adiantar alguma coisa a respeito do Cd, como nome, quantas faixas terá e por qual selo sairá? Vocês lançarão uma promo. Fale um pouco sobre a mesma.

Pagan Priestess: Estamos ainda envoltos nos preparativos desta obra, queremos que seja algo bastante dino do cenário nacional. Este Debut se chamará “Odes ao Oculto”, pois enaltece o oculto sob formas satânicas, pagãs e existenciais de espiritualidade sombria. Serão nove faixas inéditas que expressarão nossa ideologia e o selo que está nos apoiando neste trabalho é o At War Records (PE) pertencente ao Hazred (As the Shadows Fall). É um selo absolutamente novo, seremos seu primeiro lançamento e isso para alguns pode soar algo arriscado, mas confiamos plenamente em seu trabalho e dedicação pelo underground e estamos fazemos a nossa parte para que seja um grande lançamento. Antes do Cd lançaremos a promo “Iniciais Heresias” com 4 faixas incluindo uma ao vivo gravada no “Night of Pagan Winds II” que se realizou em Fortaleza no ano 2000. Esta promo dá uma amostra de como está nosso som atualmente, mas acredito que o Cd ainda trará surpresas, pois todas as faixas se diferenciam bastante tanto na questão sonora como lírica, por isso denominamos a promo de “Iniciais Heresias” – é apenas o início de uma obra de profanas e heréticas músicas dedicadas ao oculto.

SDZ: O Cd seguirá alguma temática específica?

Pagan Priestess: Como disse anteriormente, nós procuramos no Debut CD mostrar toda a diversidade do Oculto, absolutamente sem temáticas específicas e generalizadas. Cada música é uma Ode ao Oculto.

SDZ: As novas faixas serão cantadas em Português ou Inglês?

Pagan Priestess: Todas as faixas em Português. Atualmente até mesmo as antigas faixas da DT que eram em Inglês agora são cantadas em Português. Fazemos isso como forma de nos tornarmos compreensíveis pelos apreciadores do cenário nacional; nosso objetivo maior é divulgar nosso trabalho aqui, não que não damos importância à divulgação em outros países, mas isso não implica em cantarmos em inglês para nos tornarmos mais acessíveis no exterior – pelo contrário. Agora quero deixar claro que não cantamos em português para expressar alguma espécie de nacionalismo, na somos nacionalistas, temos orgulho e estima por nosso cenário, mas não reconhecemos o nacionalismo como algo pertencente à ideologia Black Metal, achamos o nacionalismo uma ideologia política, que adentrou no Black Metal através de bandas européias que o utilizam como forma de justificarem uma superioridade racial. Acho que não precisamos desse tipo de coisas para nos sentirmos orgulhosos de nosso cenário.

SDZ: Atualmente encontramos infinitas rotulações para as hordas de Black Metal como: Barbarian, Epic, Pagan, entre outras. O que você acha dessas rotulações e qual a rotulação dada por vocês à Hecate?

Pagan Priestess: Em minha opinião esses rótulos apenas contribuem para uma maior divisão no cenário e muitas vezes se referem apenas às abordagens temáticas das hordas, visto que o som de uma “pagan” pode ser muito próximo de uma horda “viking” ou “barbarian”. Sobre nosso diria que é Black Metal e expressamos na música nossa compreensão sobre a Ideologia Negra. Isso não necessariamente nos faz parecidos com outras hordas que se definem Black Metal, pois acredito que cada horda procura seu estilo, tem uma concepção própria do som e da ideologia.

SDZ: A união traria muitos benefícios ao nosso underground, mas é comum encontrarmos hordas rivais, devido a diferenças ideológicas, entre outras coisas. O que você acha que deve ser feito para que exista união no cenário underground?

Pagan Priestess: Essas rivalidades muitas vezes são frutos de contradições no cenário. Pessoalmente, não acredito que todas as hordas do cenário devam ser iguais ideologicamente e na forma de se expressarem. O ponto em comum de todas é o anti-cristianismo/judaísmo me uma horda satânica é anti-cristã, assim como uma horda pagã é anti-cristã e etc. A mesma coisa se refere ao som, há bandas mais agressivas e rápidas, há as que utilizam teclados e vocais femininos, há aquelas mais cadenciadas, etc. Se todas, na visão de alguns, tem a obrigação de seguir uma única temática ou uma única forma de som, então devemos supor que o Black Metal é algo padronizado e também dogmático, pois não admite diferenças e esse dogmatismo acaba se tornando parecido com o dogmatismo cristão. Então vejo isso como uma contradição. Se houvesse mais respeito e um DESEJO REAL de união não haveria o que vemos hoje: uns se acham superiores à outros e praticantes do “verdadeiro Black Metal” e apontam as bandas falsas porque estas não se enquadram no gosto deles. Sinceramente não sei o que deveria ser feito, mas acho que as hordas sérias e mais conscientes procuram se unir entre si e fortificar o underground.

SDZ: O Black Metal Nordestino vem se desenvolvendo bastante, possuindo fudidas hordas, com o surgimento de alguns selos e com a realização de shows bem produzidos. Como você analisa a cena nordestina e quais as hordas que você destaca?

Pagan Priestess: A cena Nordestina é forte e tende a se destacar cada vez mais no cenário nacional. É claro que dentro do Nordeste há cenas mais fortes e organizadas que outras e se observa também problemas referentes à desunião e modismos, mas no geral há muita força e honra em nossa região. Com certeza há muitas hordas fudidas e competentes como As the Shadows Fall, Govanon, Lord Blasphemate, Malebouge, Mystical Fire, Succorbenoth, Shedim, entre outras...

SDZ: As hordas daqui do Nordeste tem uma certa dificuldade para tocar no Sul e Sudeste do país, devido à distância, preço das passagens, etc. Assim como as hordas de lá tem para tocar aqui. O que você acha que pode ser feito ara ultrapassar estas dificuldades?

Pagan Priestess: Se houver mais apoio isso pode ser superado. Esse apoio significa uma maior ajuda financeira, no caso para que se possa cobrir as passagens dos integrantes das hordas. Acredito ser esse o maior obstáculo para um maior intercâmbio entre as hordas do Sul/Sudeste e Nordeste, mas isso muitas vezes se deve a quase inexistência de patrocínios para shows underground; os organizadores muitas vezes “tiram do bolso” o dinheiro. Foi assim quando trouxemos o Poeticus Severus para Fortaleza. Não houve ajuda financeira substancial para se colocar nas passagens. Fizemos sozinhos e imagino que quando organizarmos o próximo será a mesma coisa, pois o underground é assim, muita luta.

SDZ: Pagan Priestess, agradeço muito pela entrevista cedida por você ao Satanic Destruction Zine, o que é uma honra para nós. Deixe uma mensagem final aos reais guerreiros do Metal Negro.

Pagan Priestess: Eu agradeço à você, George, e ao Satanic Destruction Zine pela oportunidade à Hecate. Aos que possuem a chama negra ardendo dentro de si eu digo que continuem a lutar pelo underground e por seus ideais, apoiando as hordas, os zines, transformando nosso cenário numa verdadeira irmandade! Hail!!

2 comentários:

  1. Sinceramente!!!!!! conheço bandas do nordeste
    só de ovido, gostaria muito de assistir um show de vocês e outros ao vivo. Vocês tem um som muito bom. Aqui no Rio, aos que curtem black metal, vocês são bem conhecido.
    Meu desejo é, em algum rock in rio da vida só tocar metal negro.
    abraços

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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